Em ato público, servidores do IPERN denunciam gestão autoritária do Presidente do Instituto e prestam solidariedade a servidora afastada sem justificativa


Os servidores do IPERN se reuniram, na manhã desta quinta-feira (23), para protestar contra as perseguições e o assédio moral que o Presidente do Instituto vem promovendo contra a categoria, bem como denunciar o caso de retaliação contra a servidora Linaura Maria.
 

O ato público aconteceu em frente sede do órgão e reuniu, além de servidores da base, a direção do SINAI-RN e a Intersindical, o SINTE/RN, SINDSAÚDE, Sindicato dos bancários do RN, CTB, Csp Conlutas e o deputado estadual Fernando Mineiro, que nessa quarta (22), durante sessão na Assembleia Legislativa, denunciou ao parlamento o caso que envolve Linaura. No ato, os manifestantes exigiram a imediata saída do presidente do IPERN José Marlúcio Diógenes.(Veja todas as fotos da atividade AQUI

Servidora afastada relatou como vem sendo perseguida
A servidora Linaura Maria, que foi afastada do cargo de assistente social na perícia médica do IPERN (entenda o caso AQUI) após denunciar que o gestor permitiu que uma empresa privada usasse as dependências do IPERN para fins comerciais, falou conosco.
Ela conta que é servidora do órgão há 38 anos e que em 2013 foi nomeada para integrar a comissão especial da junta médica: “Sou perseguida desde o início da gestão José Marlúcio, que iniciou ainda no governo Rosalba, por volta de 2012. Esse fato que aconteceu na semana passada foi puro assédio moral. Fui expulsa da comissão porque não me calei diante de mais um absurdo cometido pelo senhor José Marlúcio”.
Linaura afirma que não há nada que justifique a sua saída da comissão: “Não existe nada que justifique o meu afastamento. Ele (o Presidente do IPERN) me persegue porque luto pelos meus direitos, como todo trabalhador deve e pode fazer”. A servidora avalia que sua forma de trabalhar, que segundo ela é em defesa de todos que necessitem dos serviços do IPERN, também incomoda.

A servidora disse que, de forma ditatorial, o presidente do IPERN determinou que a servidora Cláudia Cristina assumisse o cargo que lhe pertencia. Porém, Cláudia não acatou e respondeu a determinação por escrito: “Ele determinou que ela (Cláudia) ficasse no meu lugar. Ela não aceitou. Isso mostra que ele queria colocar uma contra a outra”. (Veja a carta escrita por Cláudia AQUI)
Linaura ainda denuncia que não é a única pessoa perseguida: “Vários servidores foram e vêm sendo perseguidos. Quase todos os atingidos têm algum tipo de atuação na luta pelos direitos da categoria”.
Outros servidores perseguidos
Adão Galdino é servidor do IPERN há 35 anos e relata que também tem sido perseguido. Ele conta que foi transferido de setor 6 vezes em cerca de 2 meses: “Ele (José Marlúcio) persegue quem não concorda com ele. E a tática utilizada é tentar nos isolar, deixando apenas uma pessoa em cada setor, inviabilizando nossa participação nas atividades de luta”.
A servidora Vilma Azevedo, que trabalha no Instituto desde 1981, também foi vítima de assédio moral, sendo transferida 3 vezes de setor: “Nós já fizemos vários ofícios denunciando o assédio a qual somos submetidos. Nada foi feito. Entregamos no gabinete e nas mãos do governador. Eu até denuncie para ele a nossa situação”.
Romildo Pompeu é ex-servidor do IPERN e hoje está aposentado. Ele conta que antecipou sua aposentadoria porque já não suportava trabalhar em meio aos desmandos cometidos pela presidência do Instituto: “Aqui (no ato) há pelo menos seis pessoas que se aposentaram pelo mesmo motivo. Nós poderíamos estar ainda trabalhando, mas decidimos parar por causa desse desgoverno e as mãos autoritárias do Presidente". Romildo ainda questionou: “Por que uma empresa privada pode vir aqui no IPERN fazer uma atividade e os trabalhadores não podem?”
Apoios
O deputado Fernando Mineiro, que durante sessão na Assembleia Legislativa na última quarta-feira (22) denunciou o caso, esteve no ato para prestar solidariedade a Linaura e a toda a categoria. O parlamentar parabenizou a atitude da servidora Cláudia Cristina e aproveitou para criticar a forma como a previdência do RN vem sendo conduzida. Ele ainda conclamou os servidores para intensificar a luta por seus direitos: “A previdência está sendo atacada de forma muito dura. E por isso estamos aqui para defendê-la”.
Direção do SINAI-RN denunciou o caso e propõe mudanças no Instituto
O coordenador financeiro do SINAI-RN, José Nilson, lembrou que o Sindicato já fez recorrentes denúncias sobre o caso ao governador: “O governador não deu atenção as nossas denúncias, mas vamos continuar a luta. O Sindicato é fundamenta neste processo”.
O diretor de formação política do SINAI-RN, Alexandre Guedes, afirmou que o IPERN, assim como os demais órgãos do funcionalismo do RN, deve ser gerido por um servidor de carreira que detenha conhecimento técnico na área. Ele também sugeriu que o processo de escolha do gestor deve ser modificado: “Por que não fazer a escolha do presidente do IPERN através de eleição direta?”
Providências
O SINAI encaminhou um ofício a chefe do Gabinete Civil estadual, denunciando o caso. Até o momento não obteve retorno. Outra providência tomada foi denunciar o caso na Assembleia Legislativa, através do Deputado Fernando Mineiro, que relatou o caso para o parlamento. De acordo com o coordenador geral do SINAI, Santino Arruda, a assessoria jurídica do Sindicato será acionada para tratar do caso.